terça-feira, 12 de junho de 2012

Vagaroso

Sempre me pega desprevenido no pensamento. Anda leve, quase flutua. Na cabeça a companhia de um eterno arco-íris, não passa por nenhum espelho sem antes seduzi-lo. Para ser mais bonita bastava sorrir mais. Em seu cangote o terreno perfeito pra minha casa. Venha me abduzir Joana do Arco.

sábado, 9 de junho de 2012

Se Todos Fossem Rabujos Não Haveriam Pimentas

Entrou aos passos calculados, compenetrado, como se estivesse numa missão não humanitária, parecia ter um objetivo claro em sua mente e que iria concluí-lo em breve, a qualquer momento. Entretanto esse era um engano recorrente dos olhos que viam de passagem. Andava assim sem esforço, na verdade um hábito natural que aprendeu na adolescência. Achava sofisticado demonstrar indiferença até que um dia, de fato, tornou-se um alheio sentindo o ar da integridade e do bom censo, como se tivesse o espírito capaz de condenar os outros ao céu ou ao inferno sem cometer injustiças. Rabujo Soares não era tímido, nem desinibido, nem louco, nem pacato, nem sossegado, nem atormentado, mas tinha inveja. Inveja de voar como voa Elias Prudente, um velho conhecido dos tempos da Bahia.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Saudade Que Arranha

“Quando bate aquela saudade, é porque a coisa está ruim”.



Com esse pensamento Ribamar Franco encerra a vida útil desta quinta-feira. Um dia pálido, só trabalho, com a cartela sagrada de Sominex vazia, sem paciência, sem um livro, sem cigarro, sem cerveja e agora, sem juízo. Deitou e levantou vinte e sete vezes antes de lembrar que não havia tomado banho. Despiu-se, contou os sinais do corpo para ter certeza de que todos ainda estavam em seu devido lugar e verificou a temperatura da água com o braço direito, sem certeza ainda que encararia o frio dessa noite de inverno.