sexta-feira, 25 de abril de 2008

Conhaque, Mel e Limão

Acabei de assistir Dersu Uzala, um clássico de 1974, com a direção de Akira Kurosawa. O filme mostra a brilhante alma de Dersu e assim, abro parênteses para essa passagem:
Soldados param para se divertir tentando acertar um tiro numa garrafa em movimento amarrada em uma árvore.
Dersu, que os acompanha na expedição, não entende:
- Por que atirar?
- Só para nos divertir. Um passo para atrás, Dersu.
- Desperdício de balas, ruim.
- Que desperdício? Somos soldados, estamos praticando.

Três deles tentam e não conseguem, então Dersu fala:
- Um bom atirador não perde.
- Vá em frente velho, tente você.
- Por que atirar e quebrar? Por que quebrar? Onde na floresta você vai achar uma garrafa?
- Está tentando desistir? Admita que não quer fazer isso.
- Não vou atirar na garrafa. Atirarei na corda. Se a garrafa cair, você me dá a garrafa.
- Atirar na corda? Vá em frente! Se você acertar a corda, encherei a garrafa de vodka.

Então colocam a garrafa em movimento pendular, Dersu acerta a corda, pega a garrafa e à noite está bebendo e cantando sozinho iluminado por sua fogueira.

Depois do filme passo a escutar o saudoso álbum Lucille, datado de 1968, do bluesman B. B. King. Lucille é o título da primeira música e é como B. B. King chama carinhosamente sua guitarra.
Muito bom isso tudo, mas... De vez em quando, é bom falar dos fracassados.

Tenho pensado ultimamente em o quanto vale uma amizade. Ou melhor, em o quanto vale perder uma amizade.

Algo dito na hora errada é motivo para um rompimento?
Um conhaque com mel e limão reataria?

Êta vidinha besta, meu Deus...

Humanos... Eles complicam as coisas, gostam disso. São os mais racionais possíveis. É a única inteligência que os interessa.
Particularmente, dou muito valor aos amigos, muito mais do que merecem. Quando há um rompimento perco minha dignidade e chego até a me humilhar. Não me importo, só quero ter mais um do meu lado e não contra mim. Essa é uma coisa que facilitaria muita coisa, acredito. Se tivessem menos orgulho e parassem de pensar racionalmente...

De qualquer forma, tudo tem um limite. Não chagarei ao ponto de lamber os pés e abanar o rabo pra ninguém.
“Tá com rancor? Não quer facilitar? Não fala mais? Passa e não vê?
Agora eu quero que você exploda! Haha.”

Aí se conhece a pessoa. Onde se tira a máscara e enxerga no fundo dos olhos a alma. E vê que esta alma não é afinal de contas tão brilhante assim. Na verdade, ela ofusca e disfarça. Eu já estou calejado disso, e então me torno arrogante e indiferente.

Amigos, quero vocês sentados na mesma mesa que eu, tem cadeira e bebida pra todo mundo. Mas se não quer sentar eu te convido novamente. Insisto mais um pouco, até me tornar chato. Ainda não quer? Tudo bem, minha mesa é aquela, quando quiser venha. Se teu orgulho for maior que minha dignidade, quero que sente em outra mesa, vai ter cadeira sobrando, mas não é mais para você.

Saudação a todos
Jorgin, O Maneiro.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Amor e Pastel

Acabei de assistir um documentário da Discovery chamado “A Verdadeira História de Chernobyl” e agora estou escutando o álbum da banda pernambucana Mula Manca & A Fabulosa Figura, chamado Amor e Pastel datado de 1997. Este álbum trata de um típico drama entre casais que se separam.

O que floresce quando um casal está prestes a se separar?
Num instante, dor, saudade, morte.
O casal chora, jura, penitencia... Noutro instante, o casal ri da vida, como de um belo e épico espetáculo dramalhão.
Basta se distanciar um pouquinho e dá uma vontade de rir.
Amor e Pastel é só mais uma novelinha comum, dessas que a gente prevê ospróximos capítulos e torce por um final feliz.

- Êta vida besta, meu Deus.



A partir disso comecei a delirar.

As relações humanas são hilárias...

Os humanos só se relacionam com um objetivo: sexo.

Só se estuda e trabalha para ter sexo, só vai ao cinema para ter sexo, só lê um livro ou vai a um show para ter sexo, só se compra roupa nova ou vai ao salão em busca de sexo, enfim. O mundo acaba girando em torno do sexo. O que não é essencialmente ruim, nem exatamente bom.

Mas qual seria o problema? É uma questão de valores. E outra, o sexo além de um ato prazeroso tornou-se símbolo de status social. A diferença entre se comer uma ou outra pessoa é determinante. A freqüência, muito mais. Que diga aqueles que nunca trocaram fluidos.

Comer uma miss é o sonho de muita gente, enquanto a feinhas ficam à margem.

As feinhas são feinhas por que são feinhas, oras. Mas geralmente são mais agradáveis. Pois feiúra e sabedoria, quando juntas, são fortes candidatas a algo superior. Além disso, partindo do outro ponto de vista, as gostosas na adolescência, quando crescem engordam – fato. As feinhas magrelas ficam com a peteca na mão, elas estudam, ficam brotos legais e tem bons empregos, enquanto a antiga gostosinha ta dobrando calças de uma penca de filhos.

Outro dia estava num bar, quando um amigo angustiado com essas relações humanas soltou essa: “Mulher gosta de duas coisas: compreensão e pênis, só que mais de pênis”. Hilário isso. Ri que chorei. Mas com um pouco do sobriedade nota-se o quão trágico é, é sabido que não me importo.

O bar nos ensina muito. Só se vai ao bar em busca de sexo. Se vai beber com os amigos, está de olho no broto que passa, e flerta, e queixa, tenta, tenta... aquele papo de “meu amor”, “estou com saudades”, “te amo”, blá blá blá, me dá nojo. O maluco só quer sexo.

Talvez eu diga isso por que nunca consegui gostar mesmo de alguém. Aliás, já gostei uma vez há um tempo. E não era assim. Eu a via como algo elevado, típico daqueles poetas donzelos da segunda fase do romantismo. Não sei dizer se era bom ou ruim, sei que eu sonhava muito. Só era um sonho porque quando eu sonhava, sonhava com ela (depois disse pude perceber que ainda há um pouco de romantismo em mim). Mas quer saber se eu peguei? NÃO! Hoje ela está casada com um dos meus melhores amigos. Quer saber se eu ligo? Já liguei, hoje eu sou tão arrogante que não me importo. Eu acho que vou morrer só. Isso sim é trágico (ou não). Mas até lá eu fico aqui delirando com essa coisa legal, onde não escrevo pra humanos.

Não fiz esse texto pra você que está lendo. Mal sei o motivo. É pela causa. Não estou triste, nem feliz, não sou inteligente, nem sei ao menos manter uma lógica dissertativa. Pois bem, mesmo assim fico feliz com o resultado.


Jorgin, O Maneiro.
Abraço fake.

domingo, 13 de abril de 2008

Memórias e Improvisos de Acadêmico Frustrado

Agora são 2:34 da manhã, acabei de assistir Candy, um filme australiano do diretor Neil Armfielde e estou ouvindo Los Sebosos Postizos, membros da Nação Zumbi e Mundo Livre S/A reunidos tocando versões de músicas de Jorge Ben dos anos 60 e 70, título da música: Comanche.
Assim... tipo... não sei porque tô fazendo isso, só sei que tô fazendo. Aliás eu sei.
Primeiro porque tenho sérios problemas com insônia, segundo porque queria dividir minhas frustrações e delírios com alguma coisa ou alguém, sabe-se lá...
Não sou bom com as letras, nem palavras. Não tenho idéias interessantes, e mesmo se tivesse não faria questão de dividi-las com algum humano, pelo menos é o que acho.

O conveniente seria primeiro eu me apresentar. Façamos como manda a regra, não por mim, mas pela causa.
Batizado como Jorge (o pessoal me chama de Jorgin, O Maneiro), nascido no interior de Pernambuco e sobrevivente na capital de Sergipe. Curso engenharia, não sou inteligente ou intelectual – como queiram – e tenho poucos valiosos tesouros.
O principal, sem sombra de dúvida é minha família (ou quase toda), apesar de não acreditarem devido minha grosseria e arrogância. Outro são os amigos – vou fazer uma pausa e esclarecer uma coisinha: parece ser tudo muito conveniente, comum e convencional, não me importo. Estes, raros e fiéis, estão sempre comigo, onde eu esteja, menos agora. Um tesouro recém-descoberto é a “liberdade” – suspiro –, ainda que parcial, por isso as aspas.
Talvez devesse seguir a ordem e explicá-los a um a um, mas não vou fazer isso. Quem sabe, fica para a próxima.

Do título.
Memórias e Improvisos de um Acadêmico Frustrado. Você pode achá-lo coisa de pseudo-intelectual, interessante ou ser indiferente, não me importo, eu gosto. Pois bem, já foi dito que não sou bom com palavras ou idéias, então vamos aos fatos. Esse título saiu de duas influências, uma foi um documentário que assisti numa certa madrugada, “Memórias e Improvisos de Um Datilógrafo”. Parece ser meio trash, mas não é. A questão do Acadêmico Frustrado surgiu de um amigo, o trovador Matheus, que sempre se referia a isso.
Notar e provar minha frustração é simples. Qualquer coisa que tenha um sistema nervoso perceberia. Mas a intenção não é exatamente essa. A intenção é mostrar como alguém realmente frustrado – não só com a vida acadêmica, se é que se pode chamar de vida, mas também com todo o resto – pode ter uma certa dose de alegrias gratuitas.

Estou absolutamente sóbrio enquanto digito isso sentado no chão esperando, com esperança, algum sinal de vida exterior. E por isso sou capaz de afirmar: “estou certo de que publicarei isso quando estiver em um estado de consciência elevado”.
Poderia prolongar essa prosopopéia, mas vou parar por aqui. Depois vem mais.

Abraços,
Jorgin, O Maneiro.