segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Pernambucana

Da pele clara, dos cabelos claros e olhos escuros, um fruto da mistura do sangue holandês nas terras do cacique do litoral do Recife. Uma dançarina desritmada de um frevo rasgado, que agita a cabeleira timidamente e mexe a saia rodada exibindo o cordãozinho de nós no tornozelo direito, um troféu das batalhas do coração que leva consigo dia e noite à altura do calcanhar. Não sabe odiar ninguém, mas tem medo de parecer com alguém. Não existe sol maldoso que insista em colorir de tom avermelhado a epiderme para queimá-la, apenas para apimentar um pouco mais sua presença, não existe lua insossa que aos seus olhos esconda coelhinhos orelhudos nas crateras da sua crosta, seja qual for das sessenta e quatro luas jupterianas.


Seu sorriso com os lábios em sincronia com o sorriso dos olhos precede taquicardia ao outro, gente assim Deus é quem faz e o diabo é quem tempera. Um inferninho ambulante e viciante, que não faz nenhum mal. Olhar compenetrado que a cada dia que passa só dá vontade de decifrar mais e mais, o meu esquema. Posso até torrar todo meu juízo, perder todo meu dinheiro em vícios, usar minha última água para regar suas flores do jardim, mas hoje, mas agora, é só saudade, saudade, saudade e nada mais. Apesar da idade avançada, ainda sou juvenil e imprudente, por isso desejo apenas beijar cada palmo seu enquanto exploro cada um dos seus sinais.

Já já vou partir por que quase nada é duradouro, mas vamos firmar um simples e eterno acordo: enquanto você pensa em mim, eu penso em você.

Teu nome? - Um anagrama antagônico da escuridão.




12, de fevereiro de 2012




PS: um dia alguém foi a musa inspiradora de alguém, pode encher a boca para falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário