sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sangue Latino

Duas coisas provocam em mim bastante nostalgia. A primeira é o barulho da locomotiva passando nas madrugadas em direção à capital, a segunda é o latido dos cães ao anoitecer. Ambas recordam minha infância, o tempo que havia sonhos e esperanças. Hoje não mais.


Depois de tantos anos de trabalho é bom perceber que perdi os traçados das mãos, é bonito andar firme longe deles, como navegar e sempre mudar a direção do leme, desviando de recifes, rochas, sem saber onde vou chegar, mas nunca parar ou voltar. Sempre com o vento.
Não sou um artista, muito menos visionário. Não vejo a arte mudar a história ou as pessoas, senão Picasso o teria feito. A arte são gritos de alegria, são uivos de dor. É tentar aproximar o homem do céu ou inferno. Não sou um artista, definitivamente não, mas pode me considerar um neólogo. Isso, neólogo. Gosto do novo, quero o novo. Perco virgindades a todo o momento.

Pergunto o que ficou dos meus bisavós em mim, dos meus avós e pais. Além do novo, só o que importa é ser a soma dos meus ancestrais, não a sombra deles. Suas toneladas de histórias arrancam meus pés da Terra.

Apesar de ser um pessimista por natureza, aprecio o impulso, a paciência e o riso. Esse meu temperamento latino é fogo (risos). Sou feliz? Não. Desde quando sorrir é ser feliz?



Um abraço para Felipe Ehrenberg.

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