domingo, 10 de agosto de 2008

Réquiem Para Um Sonho

Cecília (aquela flor),

Sinto por ter demorado tanto a escrever. Eu estava perdido, sem rumo, como se estivesse sem bússola. Vivo colidindo com as coisas, um tanto maluco, creio. O fato é que nunca estive perdido antes. Você era meu norte, meu destino. Sempre soube o caminho de casa, quando você era minha casa. Perdoe-me por ter ficado tão nervoso quando você partiu. Cometemos alguns erros e espero que não seja tarde para que Deus os repare. Mesmo assim, agora estou melhor. O trabalho me ajuda. Acima de tudo, você continua me ajudando.

Engraçado, você me apareceu em sonho ontem, com aquele sorriso que me prendia como um amante, embalado como uma criança. Tudo que lembro do sonho é uma sensação de paz. Acordei com essa sensação e tentei mantê-la enquanto foi possível. Não durou o suficiente para crer na solidão. Escrevo para lhe dizer que estou viajando rumo a essa paz. E para lhe dizer que sinto por muitas coisas. Sinto por não ter cuidado melhor de você, para que nunca tivesse um minuto de frio, medo ou aflição. Sinto por não ter buscado com afinco palavras para expressar o que eu sentia (eu falava tanto quanto um peixe). Sinto por não ter consertado a porta da varanda. Consertei agora. Sinto por ter brigado com você. Por não ter pedido mais desculpas. Eu era muito orgulhoso. Sinto por não ter feito mais elogios a tudo que vestia e ao modo como arrumava o cabelo. Sinto por não tê-la abraçado com tanta força que nem Deus poderia tirá-la. Esteja onde estiver, logo estarei contigo para acalentarmos esse pranto.

Com todo o amor, Jorgin.

PS: Um dia eu fui afetuoso, uma pena vocês não conhecerem essa minha fase.

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